quinta-feira, 26 de junho de 2008

Uma lembrança que nem sabia mais existir nessa cabeça cheia de pensamentos pós-psicologia me assaltou de súbito... eu, com meus cinco ou seis anos na minha bicicleta cor-de-rosa. Pouco antes de dormir, fechei os olhos e só conseguia lembrar de como era legal andar de bicicleta na rua e escutar meu pai insistindo pra tirar as rodinhas, garantindo que ele ia me segurar, mas e se ele me soltasse e se eu caísse e se eu machucasse e se ficasse com medo de bicicleta depois do tombo? A insistência foi muita, deixei ele tirar, mas só uma, a outra ia ficar lá, segurando meu tombo e prevenindo um futuro medo de bicicleta. Achei o máximo, olha só como eu tinha evoluído, já era gente grande, tava quase, bem perto, uma rodinha de conseguir me equilibrar sozinha e não é que gostei mesmo dessa sensação? Lembrei também do som que a rodinha solitária fazia, porque às vezes conseguia andar só com as rodas principais e a pequena se levantava do chão, mas logo me apoiava nela de novo e ela voltava a fazer barulho no asfalto, um barulho que não vou esquecer... pois ele sempre vai me lembrar que aprender é um processo. Hoje vejo que aprendi coisas mais difíceis e complexas, mas me orgulho nostalgicamente dessa memória, da roda pequena e solitária que de repente se soltava do chão só pra me ensinar que eu era capaz...

Fabi

terça-feira, 24 de junho de 2008

Afinidade

A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,
sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido
a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com, nem sentir contra,
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios. Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas. Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,cada vez mais a expressão do outro
sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.

Arthur da Távola.
Lu

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Amar é uma loucura

A velha era louca, disso todo mundo sabia. Mas ninguém sabia como ela tinha ficado louca. Não, ela não nasceu assim. Não foi pancada na cabeça, nem trauma de guerra. Dizem que simplesmente surtou, dizem que perdeu o juízo. Mas eu sei da história toda da velha, foi a amiga da tia do meu primo mais velho que contou. Estávamos tomando café e discutindo a novela das oito. E surgiu a história da velha. A amiga da tia do meu primo contou de um tal marinheiro e uma tal velha louca, que na época não era velha e nem louca. Eles se conheceram mais ou menos em 53, ela devia ter uns 30 anos, ele um pouco mais ou um pouco menos. Os dois passaram a semana juntos, trocaram confidencias, carinhos, tudo numa grande urgência, porque ele teria que voltar para sua vida de militar. Ele foi para o porto, subiu no navio e disse para ela esperar, dentro de 4 meses eles estariam casados e juntos para sempre. O navio afundou. O amor afundou. O futuro marido afundou. Ela nunca mais foi a mesma, continua esperando o marinheiro voltar. Por isso que eu digo que amar é mesmo insano. Quem de nós nunca foi uma velha louca? Quem de nós nunca teve um marinheiro? Espero que o meu me leve no navio dele e a gente afunde juntinhos, velhinhos, doidinhos.

by Natita

terça-feira, 10 de junho de 2008

Parabéns


parabéns, hoje é o seu dia, que dia mais felizzzzzz!

Mari Linda, amiga que me faz sorrir e me encanta, tem uma carinha de rabugenta, mas é um docinho por dentro...hehehe...vou deixar as lindas mensagens por conta dos comentários, por que daí fica uma homenagem coletiva, certo?


Mari, te amo muito, sua Brancolina, eu adoro essa sua fotinha, ficou com uma cara de menina custosa ;D


beijocas da Pequena
Marizinha....
Parabéns por ser assim...do seu jeito tao lindo e espontaneo
a postagem já ta um pouco atrasada e esse negócio de morar em reri nem me deixou ir na sua casa te dar um abraço, mas fica aqui a homenagem de uma amiga que te ama mto!!!!
bjao da Fabi

domingo, 8 de junho de 2008

Sinceridade infantil

Em sua ânsia de ir embora, Júlia, 8 anos, diz para o avô: vamo logo, seu Gordolino! Disse assim na cara dura, na lata mesmo. Foi um riso só, caímos todos na risada e ninguém recriminou, nem o avô fora de forma. Minhas sobrinhas me encantam...Mas esse fato tão corriqueiro me inquietou os miolos e me levou a pensar: por que não podemos dizer as coisas que realmente queremos dizer sem parecermos mal educados e inconvenientes? Em que ponto da vida perdemos a capacidade de sermos sinceros sem sermos cruéis? Ou ainda, quando deixamos de ser sinceros e passamos a emitir sorrisos amarelos, complacentes e dizer meias-palavras? Júlia disse o que queria, não foi mal interpretada e ainda arrancou umas boas gargalhadas. Sua frase foi singela e engraçada, sem ponto e vírgula, sem reticências, sem entrelinhas, e ainda sim muito verdadeira. Onde foi parar essa nossa sutileza? Como foi que esquecemos nossa verdade inofensiva? Quando é que paramos de expressar nossas idéias? Acabamos desaprendendo o meio-termo infantil e nos tornamos completos rudes-sinceros ou falsos-descarados. Ando precisando de umas aulas de comunicação eficiente com essa pequena Júlia...ah, se preciso!

by Natita

terça-feira, 3 de junho de 2008

Filho pródigo

Pai que saudade dos velhos tempos
Daquele tempo em que me afagavas
E me deitavas em teu coloMas me afasteri de Ti
A vida me machucou
Me ensinou tantas coisas duras
E nesta brincadeira eu entrei
Eu aprendi então a ter medo
Eu tive medo do inesperado
Eu tive medo dos golpes dela
Eu tive medo de pagar o preço
Da inresponsabilidade
Eu tive medo de perder de vez o seu olhar, o seu olhar....
Olhei amargamende em meu ser
Mesmo tento a face árida
E quando por mim estava todo isolado
Ensobriado
Tentei com todas forças voltar
Mas pensei que fosse tarde demais
E Você com seu amor me aparou
E curou-me das feridas e dos cortes
Ainda sinto o cheiro agradável
Dos mesmos velhos tempos
Em que o Senhor me tinha
Me tinha por inteiro...

A música é da banda Cavaleiros Consagrados
Espero que vcs gostem!! Fabi

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Tenho a idade que tenho


Tenho a idade que tenho


Tenho a idade dos sonhos

das ilusões

dos empates

perdas e

vitórias.
Tenho a idade das flores

dos bosques eflorestas.
Tenho a idade das aves

das pipas que se perdem no

espaçodos dias chuvosos e

ensolarados

das noites escuras

e de lua cheia.
Tenho a idade que quero ter

a idade que deixo entrever

a idade que nunca terei.


*Poema de Diva Cardacci